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Marcelo Figueiró

Feito na América

 

Filme explica emaranhado entre drogas, armas e contra revolução envolvendo a CIA

O mundo das drogas tem levado decadência a milhares de família em todo mundo. Mesmo assim o cinema seguidamente tem demonstrado fascínio pela história de traficantes famosos e suas vidas de abundância, luxuria, riquezas e abusos. Não são poucos os filmes que retratam este ambiente de perversão do ser humano.

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Entre as películas famosas podemos citar o oscarizado “Trafic” (2000), o ótimo “Profissão de Risco” (2001) e o recente “Conexão Escobar” (2016). Estes pertencem a uma lista quase infinita que hora mostra a vida dos traficantes e em outra dos policiais e agentes que os combatem. Até a Netflix se interessou pelo assunto com a série Narcos, que transformou Wagner Moura (o nosso Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 2007) no duque da cocaína, Pablo Escobar.

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 A CIA não cheira bem

Que Hollywood se deslumbre com o mundo do tráfico de drogas pode-se entender, afinal isto tem gerado bons filmes. O que é inconcebível de imaginar é que a CIA também tenha se utilizado deste artifício. Foi isto que ela fez ao aproveitar o tráfico de drogas para tentar derrubar republiquetas socialistas na década de 80. Este curioso episódio do século passado é contado no filme “Feito na América”, dirigido por Doug Liman (No limite do Amanhã, 2014) e estrelado por Tom Cruise (A Múmia, 2017). A fita desvenda um emaranhado plano da agência americana de inteligência que consistia na troca de informações estratégicas sobre as ditaduras da América Central por drogas e armas. O processo, que quase causou o impeachment do Presidente Ronald Reagam, é considerado um dos maiores fiascos da espionagem americana e ficou conhecido mundialmente como o caso Irã-contras.

 Mudando a trajetória

No filme, Cruise interpreta o personagem Barry Seal, retirado de uma história verídica. Seal é um jovem piloto da gigantesca empresa de aviação TWA. Este, embora tenha uma carreira de sucesso, encontra-se entediado com seu trabalho, transportando pessoas cotidianamente e as vezes contrabandeando alguns charutos. Percebendo a insatisfação do piloto, o agente da CIA, Monty Schafer (Domhnall Gleeson, O Regresso , 2015) , o contrata para realizar um trabalho secreto para o governo dos EUA. O piloto abandona sua empresa original e ganha um potente bimotor do governo americano, junto com muito dinheiro, para tirar fotos aéreas de exércitos paramilitares financiados pela extinta União Soviética, na América Central.

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 Entre Contras e Cocaina

O piloto é tão eficaz que logo passa a ser responsável também por levar e trazer informações para personagens conhecidos da história, como o General Manoel Noriega, ditador do Panamá. Ao ver o bom desempenho da operação, Schaefer apresenta um novo serviço para Seal, entregar armas para os contra revolucionários da Nicarágua. O problema é que os “contra” são intimamente ligados ao Cartel de Medelin, de Pablo Escobar, da Colômbia. Em troca da possibilidade de entregar os rifles AK-47 aos aliados americanos, Seal deve também trazer as drogas do cartel para os Estados Unidos. Isto claro ganhando milhares de dólares por quilo transportado.  O piloto passa então a organizar a rota ilegal da CIA que leva armas, e traz informações, cocaína e posteriormente até contra revolucionários para serem treinados em estratégia militar nos EUA.

 E a ascensão virou pó

A partir dai o complicado emaranhado conta outras curiosidades do negócio, como a forte ascensão do negócio, com rios de dinheiro entrando nas contas do piloto. Estes servem para aumentar sua frota de aviões bimotor, ampliar sua propriedade e pagar festas gigantes (todos os filmes de drogas as tem). O longa, de duas horas,  mostra a  ascensão de Seal até sua óbvia decadência com o abandono do governo americano de seu contratado. E o irã entra aonde nisto tudo? Conforme o filme seria apenas um bode expiratório para justificar a operação.

 Piada de drogado

O filme é ótimo por explicar este episódio complicado da política internacional dos Estados Unidos. Vai além disto e comprova a capacidade que  Tom Cruise tem demonstrado, nos últimos anos, de escolher ótimos roteiros para seus personagens. Sua interpretação ultrapassa a mera recaracterização histórica de Seal e nos entrega um protagonista hilário, mesmo em meio ao ambiente pesado descrito acima. Cruise consegue nos trazer uma impensável fuga de bicicleta, com o corpo coberto de cocaína, após derrubar seu avião. O feito fica muito engraçado e arranca várias risadas da plateia.   

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 Vivendo um flash-back

A forma como é composta a fita também agrada. A obra é contada através de flash-backs, enquanto Seal grava fitas de vídeo que ficarão como as confissões de suas peripécias. Para dar dinâmica a história são inseridas cenas curtas e rápidas, bem como efeitos que lembram informações da década de oitenta. Entre elas estão montagens com colagens de imagens e vídeos da época e até desenhos animados que buscam explicar os eventos históricos do período em que a trama está se desenvolvendo.

 Filmes de Droga ou…

Drogas são sempre uma péssima escolha e até uma nação poderosa como os Estados Unidos se enrolou feio ao se envolver com elas. Chega ser estranho que o cinema seja o único lugar do mundo onde sua representação leve a algum sucesso. Sendo assim, espero que os diretores continuem tendo um cuidado minucioso ao tratarem do tema, mostrando que toda a ascensão trazida pelos narcóticos sempre levam a mais profunda decadência do ser humano. Desviar do caminho da conscientização com certeza faria que um filme sobre drogas, se transforma-se em nada mais que… uma droga de filme.

 Trailers

https://youtu.be/dxoYx5RanoQ

https://youtu.be/FZCfEGYriz8

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