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Marcelo Figueiró

Fragmentado M. Night Shyamalan se reencontra em thriller sobre sequestro

imagesExiste um pequeno círculo de diretores que fazem você assistir um filme apenas pela sua assinatura nos créditos. Estão entre eles Steven Spielberg, Tim Burtom, Pedro Almodovar, além de outros. Vendo estes nomes você comparece ao cinema mesmo sem saber nada da trama. No final dos anos noventa, um indiano passou a ocupar espaço neste seleto grupo. O inovador M. Night Shyamalan tem conquistado fãs assíduos desde que o ator infantil Haley Joel Osment proferiu o bordão “I see dead people” ou, em português, “eu vejo pessoas mortas”. Isto na película de terror psicológico “Sexto Sentido” de 1999. Agora, o novo filme de Shyamalan, “Fragmentado” (2017), volta a levar os espectadores a um fantástico thriller de suspense.

Montanha Russa

Shyamalan tem tido altos e baixos em sua carreira. No início emplacou sucessos como o já citado “Sexto Sentido”, seguido por “Corpo Fechado”(2000), “Sinais”(2002) e “A Vila”(2004). Numa segunda fase construiu filmes igualmente bons, mas que não tiveram boa receptividade de público e crítica. Neste período estão “A Dama na Água”(2006), “Fim dos Tempos”(2008) e o péssimo “O último Mestre do Ar”(2010). Sua paz com a plateia recomeçou em “Depois da Terra”(2013), continuou com “A Visita”(2015) e chega ao ápice em “Fragmentado”.

Existe uma característica em todos filmes eficientes do indiano. Em determinado momento acontece uma grande virada no roteiro. O diretor fica duas horas te levando para uma lógica da história e na finaleira te joga abruptamente para outro resultado.

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Tudo ao mesmo tempo agora

Em Fragmentado Shyamalan conta a história de um psicopata que rapta três adolescentes. Vários outros filmes já trabalharam com este tema, mas Fragmentado tem a diferença em que o vilão possui TDI, transtorno dissociativo de identidade, ou transtorno de múltiplas personalidades. Nele o vilão não possui apenas duas personalidades, mas vinte e quatro, muito parecido com o personagem David Haller, da recente série “Legion” da Fox.

Prestes a emergir

Vinte três das suas personalidades são conhecidas, mas uma, perversa e selvagem, está prestes a emergir. A partir desta premissa o filme vai apresentado as diferentes faces do bandido. No trato com as adolescentes o personagem incorpora além do psicopata tradicional, também uma mulher delicada e um garoto de nove anos. Cada um deles reage de maneira diferente as reféns, torturando-as, acalmando-as ou mesmo auxiliando que encontrem rotas de fuga conforme quem está no controle do vilão. O problema é que, quanto mais tempo as meninas ficam presas, mais elas estão sujeitas a encontrar a violenta última personalidade.

Muito além de X-men

O que rouba a cena em fragmentado é a atuação do ator James McAvoi, o professor Xavier de X-men – primeira classe. É impressionante a sua interpretação do psicopata principal. Torna-se chocante como ele pula de um personagem para outro, transformando-se instantaneamente numa mulher vaidosa ou num frágil menino.

Mesmo enxergando o rosto e o corpo de McAvoi conseguimos acreditar piamente na interpretação dos outros personagens, assimilando a sua nova tipificação. Nesta apresentação destaca-se o momento em que todas as personalidades ficam embaralhadas e o ator precisa passar de uma personalidade para outra em menos de um segundo, com a finalidade de representar a situação.

Quem já trabalhou com teatro sabe o quanto é difícil esta mudança veloz de interpretação e principalmente de emoções. Para tentar entender seria como sair da tristeza de um luto e embarcar instantaneamente na alegria de ganhar na sena. O ator consegue o difícil resultado com primazia.

Lento e chocante

O filme não tem uma velocidade muito intensa, mas a interpretação das meninas e do vilão compensam a agilidade, dando um bom tom de suspense a película. A fita também ganha atenção pelos flashbacks da protagonista refém principal, que faz o espectador se envolver com o a situação psicológica da menina.

Embora em certo momento o filme passe do mundo real para o quase sobrenatural, não identifiquei na película uma virada de roteiro tão gigantesca como em Sexto Sentido ou em A Vila. Mas o gancho da última cena é construído como um pós-crédito e vale toda a experiência. Certifica também algo que o diretor já vinha dizendo em suas entrevistas, que seus filmes estão todos num mesmo universo.

O que é esta cena¿ Sem spoilers aqui. Veja o filme para também ficar impressionado ou no mínimo feliz com o resultado.

De volta ao caminho

Que bom que Shimalan reencontrou seu caminho, fazendo um filme de autor e inteligente neste universo cinematográfico inundado por blockbusters feitos para vender bonecos e camisetas. Eles são divertidos, mas deve haver espaços também para filmes como Fragmentado, que possuem uma construção elaborada no roteiro e não nos efeitos especiais.

Esperando o Universo Shyamalan

Torço agora para que ele consiga organizar seu próprio universo unificado entre seus filmes. Será realmente divertido ver como será possível conectar obras com alta interpretação, bons roteiros e de qualidade, que podem interagir entre si. Se conseguir fazer isto, não tenho dúvida, o indiano conseguira solidificar seu espaço no seleto clube que citei na introdução e nos brindará com obras diferentes e completamente desorientadoras.

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Trailers 1 – https://youtu.be/CWixUrbq6y8

Trailers 2 – https://youtu.be/0gvYypHN_uo

Trailers 3 -https://youtu.be/0RJxk65rpBY

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