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O assédio que incomoda e fere. Consequências que o assédio sexual causa

Casos recentes divulgados pela grande mídia, chamam atenção para os problemas relacionados ao assédio sexual

Por: Paloma Mocellin

Uma abordagem inadequada, em uma hora errada, e no local indevido. Sofrer com o assédio sexual parece ter se tornado rotina na vida de muitas mulheres. Segundo pesquisa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 78% das mulheres já passaram por uma situação de assédio. Entre os homens, 24% admitiram praticaram algum ato de assédio. No Código Penal Brasileiro, assédio sexual é “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.”

Na prática, são comentários de cunho sexual, elogios inoportunos, brincadeiras fora de hora, convites invasivos, toques ou tentativas de beijo, por exemplo, todas práticas realizadas repetidamente e diariamente.

Nos últimos meses os casos de assédio tem sido capas de jornais e revistas e tem atingindo uma esfera da população que antes não faria parte do assunto. Em repúdio a alguns fatos já confirmados de assédio, atrizes lançaram uma campanha #MexeuComUmaMexeuComTodas através de camisetas. Tamanha manifestação negativa dos fatos, que o assunto virou pauta diária de grande parte da comunidade feminina que ainda luta a favor do respeito e valorização.

Segundo dados do IPEA, 24% dos agressores são amigos ou conhecidos das vítimas, 24% também são os próprios pais ou padrastos os agressores, a pesquisa ainda diz que sete em cada dez mulheres já foram ou serão violentadas em algum momento da vida.

A médica psiquiatra, Mariuska Rachevski, diz que o impacto das denúncia é positivo na medida que abre espaço para que as vítimas reduzam o medo de falar sobre essa forma tão frequente de agressão e que todos, homens e mulheres, possam refletir e repensar sobre essa forma tão comum de agressão. “O impacto dessa denúncia é positivo na medida que abre espaço para que as vítimas reduzam o medo de falar sobre essa forma tão frequente de agressão. Questões como estas são cada vez mais discutidas, mas ganham força quando os envolvidos pertencem ao universo midiático”, pontuou.

Segundo Mariuska, a questão do assédio sempre foi tópico frequente na história de vida das mulheres e permeado por sentimentos de vergonha, medo e culpa. Gerando sofrimento que tolhe a liberdade de ir e vir, portar, vestir e existir da mulher. “Acredito que a melhor forma de se proteger é denunciar, é não deixar passar aceitando que isso é coisa normal do comportamento masculino, pois pensando dessa forma estaremos agindo da mesma maneira como quem assedia. Penso que o assunto atinge a mídia com mais força quando envolve pessoas conhecidas da maioria pela própria idealização que criamos em cima dessas pessoas. Muitas das quais despertam as mais diversas fantasias como se fossem seres perfeitos, sem o bom e o mal que existe dentro de cada um de nós”, finaliza.

De acordo com a titular da Delegacia da Mulher de Erechim, Raquel Kolberg, o crime de assédio sexual ocorre quando há constrangimento com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual. “Para a configuração de tal crime, previsto no artigo 216 do Código Penal, cuja pena é de um a dois anos de detenção. É imprescindível que o autor possua vínculo hierárquico com a vítima. Em nossa cidade, foram registrados, no ano de 2015, 34 estupros, em 2016, 38 e este ano, outros sete. Nos três anos citados, houve o registro de apenas um caso de assédio sexual. Quanto à contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor, em 2015, houve o registro de seis casos e em 2016, outro caso”, disse.

Segundo a Delegada, o perfil das vítimas é bastante variável, mas é considerável número de menores de 14 anos. “Em quaisquer dos casos mencionados, a orientação é sempre de buscar uma Delegacia de Polícia para que o caso seja registrado, investigado e, ao final, o seu autor seja processado e punido”, finaliza.

Uma jovem de Erechim que preferiu não ser identificada, contou a reportagem do jornal Atmosfera uma vivencia familiar. “Uma pessoa da minha família foi assediada por um grupo de meninos em redes sociais. Eles chamaram ela de várias coisas depreciativas, coisas que poderiam fazer mal para o psicológico dela, tiravam foto dela pra zoar com a cara e inventar mentiras. Tudo para deixar ela se sentir envergonhada. E o pior, encararam isso como algo normal”. A jovem disse que não registrou ocorrência para que as pessoas não ficassem sabendo.

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