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Helena Confortin

Opinião

FRINAPE: “Cidade da Cultura: o diferente fazendo a diferença”

Era julho de 2001 – em evento especial, na URI, foi lançada, oficialmente, a programação da Expo 2001 e X FRINAPE (realização 10 a 18 de novembro). Busca de soluções para os problemas de Erechim e região. Nova configuração – a pessoas experientes, agregam-se neófitos (novatos, iniciantes). E, uma preocupação/interrogação: O que trazer de novo para atrair as famílias à feira? O que fazer com as crianças enquanto os pais visitam estandes, fazem negócios, assistem a shows? Era preciso criar algo novo, diferente, para conquistar crianças e jovens, algo que fizesse seus olhos brilharem, que os seduzissem… Sugestões…, mais sugestões…, novas sugestões e, “heureca”!!! – surge a ideia de se criar uma cidade no contexto da feira. Não qualquer cidade, imitando as já existentes, mas uma cidade mágica, diferente, uma cidade onde as crianças fossem os habitantes e governantes, onde pudessem sonhar e realizar os ‘sonhos sonhados’.

E, … nasce a “Cidade do Livro” – centro de criação, participação e divulgação cultural e literária, pois somente ele, o livro, permite sonhar, divagar, imaginar, criar mundos e realizar sonhos. Modesta em sua primeira edição – sob uma lona, uma pequena cidade: a Praça da Cultura com um Coreto para pequenos shows, Oficinas (de contação de histórias, de leitura, de criação literária, de jogos educativos), Livrarias, Café Cultura (espaço para encontros de amigos e lançamentos de livros) e, sobretudo, os habitantes, “personagens símbolo da cidade – Vovô e Vovó Bota Amarela e seus Netinhos” – a síntese das etnias que colonizaram Erechim – que contam, em diversos livros infantis, a historia da colonização da nossa cidade pelos primeiros migrantes. Na sua simplicidade, a Cidade do Livro surpreendeu no resultado de suas ações e na aceitação pela comunidade. O diferente que deu certo.

XI FRINAPE 2004 – o projeto se amplia. A “Cidade do Livro II” adota um circo. Vovô e Vovó Bota Amarela e seus netinhos, contratam soldadinhos guardiões com seus quepes coloridos e lápis encantados escrevendo ordens e anotando sonhos. Chega o Intendente (prefeito) para legislar e, juntos, introduzem os povoadores de Erechim e região: no Largo das Etnias, as casas dos imigrantes italianos, alemães, poloneses, israelitas, nativos, gaúchos, caboclos, russos, todos trazendo seus costumes, seus trajes típicos, sua culinária, sua música, sua dança, sua língua. E há o Café Cultura para alimentar, o Coreto para alegrar, o Cinematógrafo para registrar e, sobretudo, a Fanfarra para brincar. A cidade se expande e surgem Livrarias com livros, muitos livros para ler, olhar, colorir, comprar e, a Escola com suas oficinas – de leitura, de artes, de textos, de recreação, de contação de histórias, de expressão corporal – e a brinquedoteca, e a trilha da aventura, e atividades físicas, e palhaços, e circo, e palcos com shows, música, dança, festa…

A Cidade do Livro ficou pequena para tanta atividade; por isso, na XII FRINAPE 2008 transforma-se na “Cidade da Cultura” e passa a ocupar espaço especial. Sai da lona de circo e instala-se no Pólo da Cultura. Nesse espaço majestoso, a cidade é modernizada e dividida em Quadrantes (da criatividade, dos jogos étnicos, do artesanato, das artes), em Praças (da Colonização com seu Coreto, do Livro com inúmeras Livrarias), em Largos (dos Colonizadores, com exposições étnicas de objetos étnicos) e, o Mirante do Centenário (com exposição histórico fotográfica sobre os 100 anos da imigração italiana para a região).

A importância da Cidade da Cultura é inconteste: passa a integrar o espaço e a programação nas edições sucessivas da FRINAPE. É o diferente fazendo a diferença: uma “Feira Regional Industrial Agropecuária” insere, em sua programação, uma “Cidade da Cultura”, um espaço para atividades artísticas, literárias, históricas e étnicas. Assim, ao se falar em FRINAPE, necessariamente, também se fala em “Cidade da Cultura” e suas muitas atrações.

Hoje, FRINAPE 2015 – a feira que nos une. No Pólo da Cultura, uma grande identificação: “Bem vindos à Cidade da Cultura”. Novos espaços, novos projetos, uma programação intensa envolvendo eventos culturais, literários, artísticos, científicos, culinários. Pequenos e grandes shows¸ artistas convidados unem-se a talentos locais. Assim, na programação, estão espetáculos musicais com grandes nomes (“Nenhum de Nós”, “Kleiton e Kledir”, “Emerson Nogueira”) ao lado da “Orquestra de Brinquedos” e da magia do “Circo Girassol – Misto Quente”, com seus shows e Oficina de Técnicas Circenses. Nos mesmos palcos, apresentações artísticas de dança, canto, música, fanfarras, teatro envolvendo talentos locais e regionais, numa tentativa de concretizar momentos de êxtase visual, superação física e amor declarado à arte, em todas as suas formas e cores.

Não citamos, propositalmente, nomes de quem sonhou, idealizou, construiu e executou o “Projeto Cidade do Livro / da Cultura”. Mas a todos os abnegados trabalhadores que, nestes 15 anos (2001 – 2015), colaboraram, voluntariamente, para que um sonho se transformasse numa realidade, o reconhecimento da cidade de Erechim e região. Crianças, hoje jovens e adultos, agradecem. Valeu.

Cidade da Cultura: o diferente conseguiu fazer a diferença.

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