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Feliciano Tavares Monteiro

Pedra Mole e Água Dura enfrentam o germe do medo – Parte I

Barkiller era o seu nome, e se passava por mordomo, ou capataz, mas na verdade era um descendente de Jack… Jack o estripador. E educado na parte da Inglaterra que se considerava ariana, e amava Hitler sem subterfúgios. Este nefasto personagem permaneceu meio nazista até que Churchil se tornasse o principal ministro do reino. Como todos sabem, tempos depois, o boêmio premier urdiu, talvez com ajuda de duas agentes continentais (Pedra Mole e Água Dura) uma conspiração para forjar a substituição de um rei britânico, bem falante e nazista, por um outro rei gago. Gago mas defensor dos aliados.

Com a troca na alta realeza a Inglaterra renasceu para a autoestima e respeito dos povos. Mas o tal Barkiller era o que? Talvez já fosse o que hoje chamamos de terrorista. Mas mantinha metas diferenciadas. Os seus alvos eram as velhas prostitutas e os bares latinos. Tinha como meta povoar o Continente da Liberdade de bares modificados, totalmente alheios às culturas: espanhola, portuguesa, italiana, francesa e africana – que o Brasil, felizmente, era e ainda espero que continue sendo, um digno herdeiro e disseminador.

Ainda – segundo Barkiller: “se tirarmos de todos os estabelecimentos, noturnos, as mesas e as cadeiras e ali colocarmos balcões com máquinas para vender refrigerantes e cervejas, em lata; tendo ao fundo um palco pequeno com uma música qualquer, desde que a letra seja tolamente incompressível, o reino da alienação se instalará. E depois é só agregarmos algumas garotas, seminuas, rebolando e, sem dúvida alguma, modernizaremos este país”. (aliás, já fizeram isto com parte da Europa e com todo Japão).

Barkiller conhecia bem a Europa, viajara por ela traficando mulheres brancas, depois fizera uma parada, não autorizada, na Colômbia> Talvez para assistir o jogo do time local de futebol (que ele jurou jamais ter algum futuro).

Postulava aos quatro ventos que as mestiças do Caribe eram muito mais mulheres do que as denominadas “Polacas”. E uma mulher colombiana ainda possuía a vantagem de poder ser enterrada em qualquer cemitério, algo impossível para as “Polacas; que sendo em sua maioria formadas, por filhas do antigo povo de Israel, eram barradas nos funerais católicos. E, para ele, trasladar os corpos de prostitutas mortas para o Campo de David de São Paulo era algo antieconômico. As rainhas de Castelos, como sempre foram conhecidas as donas dos lupanares de Salvador, e de Ilhéus, estavam quase falindo por este motivo. Mas este era e é um tema polêmico e de domínio de outros doutos, mais afeitos à temática carnal, ou diríamos do país do carnaval. Antes que nos denominem de Cafetão das letras, preferimos fazer uma pausa por aqui…

Pouco a pouco, e talvez sem que a Polícia Secreta atinasse, ou sequer suspeitasse, Barkiller estabeleceu o seu próprio comando clandestino. Ele já fizera o seu primeiro teste na Feira Popular de Água de Meninos, em Salvador. Ali causando uma das maiores tragédias da Bahia. A Grande Feira, que já foi objeto de um filme, por parte do vanguardista cultural Roberto Pires, desapareceu. Graças, quem sabe, ao auxilio deste cruel Nero de Albion. Como na feira popular, os canos de esgoto, e drenagem, ficavam próximos a um Reservatório de Gasolina, o incêndio se propagou rapidamente e o caos se instalou. Vários pais de família perderam a vida, ou  “ganha pão” em poucas horas. Ao tempo em que o choro tomava conta dos arredores da Feira, um navio adentrava o Porto de Rio Grande com várias mobílias modernas. Balcões frigoríficos, máquinas para cassinos, caça níqueis e de músicas. Barkiller havia trocado tudo isto por outro navio carregado de peles de: onças, tamanduás e jaguatiricas. Para ele; – “quem gosta de bicho, e de árvore, é sertanejo, tabaréu ou Zé Mané, a modernidade deve ter base no asfalto e no concreto”. Ainda defendia que antes das nossas costumeiras queimadas se fizessem grandes caçadas, e para elas seriam convidados: príncipes e banqueiros internacionais, que assim movimentariam o turismo e ampliariam a renda provinciana. Apregoava também, o nosso descarado malfeitor, que com este dinheiro, das caçadas, somado ao obtido nas  exportações de peles de animais silvestres, é que se embasaria o progresso das cidades litorâneas. Brasília e arredores deveriam, segundo seu ponto de vista, ser devolvidos aos índios- aliás, nesta última declaração ele angariou vários defensores até os nossos verdes dias, diga-se de passagem…

Para os que pensam que estas ofensivas, deste meliante global, não existiram, basta ver os jornais que circulam na atualidade. Um bar histórico e também geopoliticamente assentado na Ladeira da Preguiça, o Brutu’s Bar, foi incendiado e muito pouca coisa os bombeiros da capital puderam fazer. E olha que a Rua Dionísio Martins, nome oficial da Ladeira da Preguiça, fica muito próxima da unidade de soldados do fogo, cuja sede avermelhada repousa  na Ladeira da Praça. Não há dúvidas, o discípulo do Estripador deixou herdeiros na Bahia e no Brasil…

E em São Paulo, independentemente da esquerda ou direita governar a cidade, se queimam favelas quase mensalmente. E os objetivos não são voltados para melhoria urbana, ou para relocar pessoas carentes para moradias mais humanas. Nada disto! O alvo são os botequins, restaurantes populares e casas noturnas. As únicas embaixadas da cultura nacional que resistiram à aculturação-galopante. Passear por uma capital brasileira sem bares, seria algo tão bizarro como desconhecer a liberdade, ou o Bar Liberdade, de Pelotas, Meca Latino-americana do Chorinho livre.

Segundo narrou, para o processo policial, a Scort-Girl Maria das Galinhas, natural de Cágada e com pós-graduação no inferninho de Brejinho das Ametistas, ele, o giga meliante, chegou a receber diversos fabricantes de mobiliários, de enlatados e de músicas -mais enlatadas ainda. O certo é que Brakiller gastou um bom dinheiro em sua cruzada, ou causa, anti-erótica.

O terrorista abstêmio (Hitler também era) antes de morrer, deixou sua tara a disposição de quem quisesse usar, se ufanava de sonhar com um futuro dantesco:

– ” em um dia , distante, nós trocaremos todos os locais de lazer por máquinas automáticas e imagens virtuais. Urge, para tanto, que não tenhamos pudor em incendiar velhos e românticos restaurantes, pois se estas espeluncas  continuarem servindo, indolentemente, as suas mesas, por meio de garçons e senhoras velhuscos e lerdos, nunca o progresso chegará ao Brasil. E também teremos de dar, urgentemente, um basta no consumo de cachaça”.

Aparentemente, foi graças a esta última frase que o meliante encontrou a sua perdição… Morreu sem ver a metade do seu sonho realizado, um pouco antes da Copa do mundo de 1970, aquela copa que ganhamos. Sim, nós ganhamos!

Ou será que tudo também foi efeito da bebida?

FIM DA PRIMEIRA PARTE

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