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Tecituras Analíticas

Tecituras Analíticas : “O Não como experiência Estruturadora”

 Eluisa Bordin Schmidt  Psicóloga, Psicoterapeuta de Crianças, Adolescentes e Adultos. Especialista em Psicopatologia do Bebê. Especialista e Mestre em Psicologia Clínica (PUCRS). Ex-professora da graduação e pós graduação dos cursos de Psicologia da UPF e URI (Erechim). Membro do NEPP-PF (Núcleo de Estudo em Psicoterapia Psicanalítica de Passo Fundo) e do GEPSI (Grupo de Estudos em Psicanálise de Erechim). [email protected]

 

Como e quando utilizar o “não” é uma dúvida que frequentemente acompanha pais e educadores. Estes ao assumirem o cuidado dos filhos questionam-se o quanto um “não” pode reprimir capacidades que poderiam estar sendo desenvolvidas numa criança.

Winnicott, psicanalista estudioso da infância, destacou que principalmente nos primeiros anos de vida a “ilusão” prevalece na mente da criança. A ilusão de que tudo pode se realizar, de que todos os desejos podem se cumprir; e consequentemente busca a satisfação dos seus impulsos. A dificuldade reside em estabelecer diques de contenção desses desejos normais e imaturos apresentados por uma criança, sem que se configure uma experiência traumática. Aos pais cabe a tarefa de mostrar ao filho a desilusão. Há necessidade de que o “não” vá sendo construído de forma gradativa e natural de modo que a criança compreenda que não pode tocar, se apoderar e controlar tudo. A proibição como limite estruturador vai se formulando inicialmente pela linguagem gestual e/ou verbal dos pais que impõem à criança, disposta a tocar tudo, um “não” proferido como tal ou assinalado com um movimento de cabeça ou de mão. Na relação entre ela e os pais, o limite, de diferentes formas, vai se construindo no seu mundo interior e se expressando no comportamento da criança pequena que na sua ilusão precoce considera que pode ter o comando de tudo.

Nesse espaço se estabelece impasses uma vez que a criança busca o domínio, numa tentativa de não viver a dor da desilusão. Já os pais de forma concomitante naturalmente não têm como deixar de mostrar que a desilusão existe. Surge então a necessidade de encontrar outra forma de expressão que não mais a dos gestos de contenção, e sim com palavras. Na medida em que a criança vai expressando os seus anseios os pais ajudam nomeando que estão compreendendo o desejo infantil e do mesmo modo expressam os limites que a realidade impõe. Esta desilusão permite a integração entre o mundo interno infantil e a realidade externa.

Algumas vezes construir o “não” na educação de um filho está enraizado no cenário do mundo interior dos próprios pais. Dependendo como estes sentiram a sua ilusão precoce e as posteriores desilusões, poderão vivenciar e atribuir um “não” como uma experiência estruturadora para seu filho.

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