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Tecituras Analíticas

TOLERÂNCIA À ESPERA

Eluisa Bordin Schmidt– Psicóloga, Psicoterapeuta de Crianças, Adolescentes e Adultos. Especialista em Psicopatologia do Bebê. Especialista e Mestre em Psicologia Clínica (PUCRS). Ex-professora da graduação e pós graduação dos cursos de Psicologia da UPF e URI (Erechim). Membro do NEPP-PF (Núcleo de Estudo em Psicoterapia Psicanalítica de Passo Fundo) e do GEPSI (Grupo de Estudos em Psicanálise de Erechim).

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Desenvolver a capacidade de espera implica em experimentar uma construção que inicia na infância, quando a criança ao aguardar alguém, vivencia um tempo de ausência que provoca certa angústia e, por vezes, sentimento de vazio interior. Este conduz à busca de um registro mnêmico de quem desapareceu e, nesse momento, se constrói uma representação mental de quem não está ali, mas que pode estar na mente de quem ficou. Deste modo a criança pode encontrar o suporte necessário para não se desorganizar emocionalmente frente ao sentimento de solidão.

No desenvolvimento normal, este afastamento temporal gera uma frustração tolerável que permite que a criança fique bem no seu tempo de espera. Por outro lado a capacidade de aceitar este momento não ocorre só pela ausência de alguém mas também, pela presença qualitativa anterior que possibilita que algo seja resgatado pela sua memória.

É neste inter jogo de presença e ausência que vai se estabelecendo um espaço de pensamentos que embasa a capacidade de tolerar e conduz à esperança de que, em algum momento, seu sentimento de solidão se dispersará. Assim ocorre o amadurecimento de uma capacidade de aceitar o tempo de espera, habilitando o ser humano no enfrentamento das diferentes frustrações da vida.

A sociedade atual, com seu extraordinário progresso tecnológico tem se caracterizado pela busca de respostas rápidas. Há um anseio de que as soluções sejam imediatas, com pouca tolerância à espera tão necessária para dar conta de formas de pensar em como lidar com as adversidades da vida.

Isso torna esse momento propício para pensarmos sobre as seguintes questões: Esta intolerância à espera que, por vezes, gera uma falta de espaço para pensar e dar conta dos sentimentos estaria ocorrendo pela dificuldade do sujeito viver as frustrações geradas pela solidão e o vazio da ausência? Como reagir frente às circunstâncias da vida que impõe espera se não tivermos espaço para pensar sobre elas?

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