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Empreendedorismo e equidade de gênero pautaram evento no Dia da Mulher

A primeira edição do Bela, Empreendedora e do Bar contou com cinco palestrantes que abordaram um assunto em comum: o empreendedorismo feminino e a cultura machista que ainda o cerca.

Por: da Redação
Fotos: Bruna Todeschini

A noite do 8 de março foi tomando forma na mesma medida em que mulheres e homens chegavam no Bogotá, compravam uma bebida no bar e aguardavam o evento começar. De um lado, uma mulher com uma long neck na mão. Do outro, uma mulher explicando sobre o processo de produzir cervejas.

Causa estranhamento ler e imaginar mulheres fazendo isso? Isso também é “desafiar o status quo”, tema abordado no evento que, entre outras pautas, se dedicou desconstruir conceitos e olhar para os modelos vigentes e se perguntar: e se fosse diferente? E se eu pudesse fazer a diferença? E se nós pudéssemos fazer a diferença? A primeira edição do Bela, Empreendedora e do Bar contou com cinco palestrantes que, em suas falas, abordaram um assunto em comum: o empreendedorismo feminino e a cultura machista que ainda o cerca.

Não é dia de comemoração, é herança de luta!

Angélica Rossi foi a primeira palestrante da noite, que explicou sobre a criação do dia 8 de março, dia dedicado à mulher. A historiadora falou sobre o mito da origem da data, em referência a um incêndio ocorrido em 1857 numa fábrica têxtil dos EUA em que os proprietários teriam trancado as portas e deixado mais de uma centena de mulheres morrerem queimadas. De acordo com ela, não foi exatamente assim. “Houve, sim, um incêndio de grandes proporções, em 11 de março de 1911, em uma fábrica que contava com cerca de 600 trabalhadores. O incêndio começou às 5h da tarde de um sábado, causando 146 mortos, das quais 125 eram mulheres”. Esse episódio, conforme frisou Angélica, deu o pontapé inicial das atuação dos sindicatos, e dos conceitos de legislação do trabalho e responsabilidade social.

Embora tenha sido um acontecimento marcante, não foi somente este ocorrido que originou o 8 de março. Outro ponto importante para a consolidação dessa data leva em consideração a realização II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em 1910, quando Clara Zetkin propôs a criação e uma data para o dia da mulher, porém sem estabelecer um dia. Em 8 de março de 1917, uma greve de tecelãs que pediram o apoio da classe metalúrgica na Rússia deram maior força a data. A consagração dessa deste dia veio progressivamente até em 1975, quando a ONU declarou a data como Dia Internacional da Mulher.

Ente datas importantes e citação de momentos marcantes, Angélica lembrou algumas datas significativas para as mulheres, que são marcadores históricos em nosso país. 19 de abril 1879: direito de acesso ao ensino superior; 1919: aprovada a resolução da Igualdade de salários; 1932: voto feminino é regulamentado no Brasil, passaram a votar as solteiras e viúvas com renda própria e as mulheres casadas, desde que elas tivessem permissão do marido; 27 de agosto, 1962: Lei 4.212/1962, garantiu que a mulher não precisava mais de autorização do marido para trabalhar, o direito à herança e a possibilidade de requerer a guarda dos filhos em caso de separação; 26 de dezembro, 1977:  Lei do Divórcio; 2002: Secretaria de Estados dos Direitos da Mulher é criada; 7 de agosto, 2006: A Lei Maria da Penha é sancionada.

“Não sejamos caranguejos”

A analogia da psicóloga e coach Aline Dotta, segunda palestrante da noite, foi o que marcou sua fala. Ela, assim como inúmeras mulheres, ao decidir a carreira que gostaria de seguir, ouviu de familiares e pessoas próximas que algumas profissões “não eram para mulheres”. Não à toa, Aline inscreveu-se em diversos vestibulares, de diferentes áreas de atuação. Ao se formar em psicologia, imaginava-se em um consultório, atendendo pacientes. Foi quando percebeu que o perfil dela, de impaciência, o fez aceitar uma oportunidade nova, para trabalhar em organizações. “Estudando empreendedorismo, hoje eu entendo que busquei os recursos que precisava: aceitei atuar em um ramo da psicologia que eu não conhecia, busquei ajuda com ex-colegas da universidade e me inscrevi em uma pós graduação e descobri o que eu amava”.  Neste sentido, mostrando a importância de inovar e ter coragem de mergulhar em novos desafios, no fim de sua fala, Aline fez uma analogia ao vale dos caranguejos. “Quando tem vários caranguejos em um balde, eles ficam todos dentro, pois quando um quer sair, o outro o puxa para baixo. Portanto, identifique quem são os caranguejos que te cercam e as ‘atitudes caranguejo que você tem consigo mesma’. Não deixe, jamais, alguém te puxar para baixo. Não deixe suas atitudes te puxarem para baixo. Fuja deste vale”.

Inserção das mulheres em áreas de pouca atuação feminina

Cristiane Babinski e Isabela Bianchi foram as próximas palestrantes que falaram sobre a dificuldade de se inserir em um mundo visto como sendo altamente masculino: artes marciais e ciências da computação. Cristiane iniciou nas artes com apenas 7 anos de idade e hoje, além de ser a professora que mais tem alunos em Erechim, carrega títulos e uma bagagem muito grande dentro das artes marciais: teve a oportunidade de conhecer diversos países e conquistar títulos como:  campeã estadual, penta campeã brasileira, tri campeã sul americana e vice campeã mundial. No entanto, ela reforça o discurso de que, embora já tenha tido muita evolução, ainda há muito preconceito e a luta pela igualdade é diária. Às mulheres, ela deixa um convite “pratiquem artes marciais. O mundo é muito perigoso e é muito importante que saibamos nos defender”.

O setor de Isabela emprega hoje 1 milhão e 300 mil pessoas no país. 50 mil vagas de trabalho continuam de portas abertas à espera de profissionais qualificados. De acordo com ela, “apesar do crescimento e da demanda por profissionais, o setor de T.I precisa resolver uma questão urgente – a baixa participação feminina. Nas salas de faculdades ou nas divisões mais técnicas somos sempre minoria. Isso é moldado em uma sociedade e uma cultura que relacionam o interesse e o sucesso com computadores a meninos e a homens”.

Nina: a deusa da cerveja

A palavra “cerveja”, em português, deriva do Latin cerevisia originada de Ceres, deusa romana da colheita e da fertilidade e a divindade da cerveja na Suméria era uma Deusa, Ninkasi/Nina. Coincidência ou não, Nina aventurou-se no mundo da produção da cerveja desde o último ano e diz sentir-se feliz e realizada em sua escolha. Ao contextualizar historicamente o mundo cervejeiro, Nina destacou que, embora não existam dados oficiais sobre a participação feminina neste mercado, quando se busca mulheres cervejeiras, é possível notar a discrepância entre os gêneros. Um exemplo disso é a cerveja Proibida, que fez uma cerveja “leve e perfumada” para mulheres, limitando-as a este perfil.

Bela, Empreendedora e do Bar

A primeira edição do evento foi um sucesso e as organizadoras prometem uma segunda edição. “Esperamos que no ano que vem seja mais fácil de encontrar mulheres empreendedoras em Erechim”, disseram. Ao final, as pessoas presentes no evento ganharam uma cerveja, produzida por Nina e umas bolachinhas em formato de coração da Lê Pétit Casa de Chás.

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